Autor: Agustina Bessa-Luís
Editor: Guimarães Editores
Edição/reimpressão: Março de 2013
ISBN: 9789726653134
Páginas: 252
Sinopse: A Sibila é um romance de Agustina Bessa-Luís. Sibila, que remete para a figura clássica da Sibila de Delfos, significa adivinha e refere-se à personagem Joaquina Teixeira, a Quina.
O livro não se atreve a narrar a história do nascimento à morte da protagonista, mas contou a vida de duas gerações anteriores da família Teixeira e duma posterior e ainda de outras famílias e amigos próximos desta. Narra conspirações, corrupções e intrigas de parentes, criados, amigos e inimigos.
De passagem ocorrem críticas à burguesia rural, mas no romance avulta sobretudo uma reflexão sobre a dimensão metafísica do ser humano.
Quina não tinha poderes sobrenaturais, era apenas atilada e prática conselheira; ninguém da sua igualha a tratava por sibila. Morreu velha e doente, mas orgulhosa da casa que salvara da falência e da fortuna que amealhara.
A história começa e termina com Germa, sua sobrinha, filha do irmão Abel, que representa uma geração já urbana, desenraizada dum espaço a que Quina sempre se sentira presa.
A minha opinião: Já tinha lido A Sibila no secundário e recordo-me que fui das poucas (ou mesmo a única) da turma que gostou. Na verdade adorei. E, uma vez que era um dos livros na lista de leituras da Comunidade de Leitores, achei que era a altura ideal para o reler e verificar se me continuaria a encantar...
Confirma-se, continua. E continua também a não ser uma leitura fácil nem rápida, mas é tão compensadora!
A personagem principal é Quina, uma mulher do Norte (carago!), extremamente ligada à terra e, de certo modo, à família, e arreigada aos usos e tradições. E é precisamente a história da família (centrada em Quina) que vamos seguindo, sobretudo desde o início da relação entre os seus pais até à morte de Quina.
Quina é uma mulher forte, independente, a única que foi capaz de aumentar o património, ao contrário de qualquer um dos seus irmãos, e que nunca precisou de um homem para provar o seu valor. Mas não se pense que Quina só tem virtudes, também tem os seus defeitos, nomeadamente é orgulhosa, desconfiada e não se coibe de recorrer a jogo sujo para garantir a sua vantagem nos negócios. Mas também é muito amiga de ajudar e sábia no conselho, o que lhe garante a fama de sibila (profetisa). E é também essa fama que, em conjunto com a fortuna que vai amealhando, lhe conferem o prestígio de que goza na pequena sociedade burguesa rural onde se insere.
Constatei que aquilo que mais me havia encantado na minha primeira leitura de A Sibila voltou a ser o que mais me encantou nesta releitura: a descrição da sociedade rural da primeira metade do século passado. É que, embora obviamente não tenha vivido nessa época, cresci com as histórias da minha avó e bisavó (nadas e criadas num meio rural, onde vivi grande parte da minha vida) e reconheci muitas das coisas descritas pela autora. E vi em Quina tanto de pessoas que conheci...
Não vou falar muito mais sobre a história, até porque não é propriamente fácil de resumir, vou só dizer que a escrita da autora é fantástica, embora não seja fácil. E que é também a evidência da importância que a Mulher tinha naquela sociedade. Fiquei com vontade de ler mais qualquer coisa da autora...
Classificação: 5
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