domingo, 2 de setembro de 2012

Opinião: "A Casa dos Sonhos"

Título original: The Cornish House
Autor: Liz Fenwick
Tradutor: Raquel Dutra Lopes
Editor: Quinta Essência
Edição/reimpressão: Julho de 2012
ISBN: 9789897260100
Páginas: 432
Origem: Oferecido pela editora em troca de uma opinião honesta

Sinopse: Quando a artista Maddie herda uma casa na Cornualha, logo após a morte do marido, ela espera que isso seja o novo começo de que ela e enteada Hannah precisam desesperadamente.

Trevenen é linda, mas negligenciada, uma casa rica em história. Maddie está encantada com ela e determinada a saber o máximo sobre o seu passado. Quando descobre as histórias das gerações de mulheres que viveram lá antes, Maddie começa a sentir que a sua vida está de alguma forma ligada àquelas paredes. 

Mas o sonho de Maddie de uma vida tranquila no campo está muito longe da realidade que enfrenta. Ainda a lutar com a sua dor e com Hannah, Maddie é incapaz de encontrar inspiração para a sua pintura e percebe que pode enfrentar a perspectiva de ter de vender Trevenen, agora que começou a amá-la. 

E enquanto Maddie e Hannah desvendam o passado de Trevenen, a casa revela segredos que ficaram ocultos durante gerações.
Um livro maravilhoso cheio de romance e mistério.

A minha opinião: Devo começar por dizer que não sou nada lamechas. Não tenho a lágrima fácil e, por isso, geralmente os livros que emocionam toda a gente a mim não me fazem nada. Mas A Casa dos Sonhos deixou-me com a lágrima no canto do olho. Talvez porque o tom do livro não é lamechas, mas a sua história e as suas personagens são muito reais.

A história gira à volta de uma casa, Trevenen, e confesso que adoro histórias em que a casa onde se passam acaba por ser, ela própria, uma espécie de personagem. Maddie, recentemente viúva, descobre que herdou uma propriedade na Cornualha e muda-se para lá com a enteada Hannah. A relação entre ambas tem vindo a degradar-se progressivamente desde a morte do marido de Maddie e pai de Hannah. Afinal, Hannah é uma adolescente abandonada pela mãe de quem não se lembra e que perdeu o pai após uma doença prolongada e que se vê totalmente dependente de alguém com quem não tem qualquer laço de sangue...

Maddie tem fantasmas no passado, com os quais vai ter de lidar enquanto tenta reconstruir a sua vida e a sua relação com Hannah. Surgem novas amizades e até, quem sabe, um novo amor. Mas estará Maddie preparada para voltar a amar? Conseguirá Hannah ultrapassar os seus problemas de abandono e aceitar que a vida tem de continuar? E conseguirá ela aceitar que Maddie ame alguém que não o seu pai? E que ruídos são aqueles que se ouvem à noite? Estará Trevenen assombrada?

Este foi o romance de estreia de Liz Fenwick e julgo que foi uma estreia auspiciosa. A autora aborda temas difíceis como a adopção, o abandono, o luto e a perda, de uma forma realista, mas sem entrar em moralismos. E mostra-nos que o caminho para a recuperação se torna mais fácil quando deixamos de olhar apenas para o nosso umbigo e percebemos que a nossa dor também é a dor de outras pessoas. E que se as deixarmos entrar, o partilhar dessa mesma dor é um primeiro passo para a conseguir ultrapassar. Porque é mais o que nos une do que o que nos separa.

Vi no site da autora que esta se encontra a escrever uma prequela de A Casa dos Sonhos, intitulada August Rock, na qual nos conta a história de duas personagens que surgem, ainda que muito brevemente, em A Casa dos Sonhos. Sem dúvida, vou querer ler!

Uma última nota para a edição que deveria ser revista numa possível reedição do livro. Surgem nomes trocados e a forma de apresentação dos diálogos torna-os confusos, tendo tido de, por várias vezes, lê-los duas e três vezes até perceber quem estava a dizer o quê.

Classificação: 4

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