segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Opinião: "1984"

Título original: Nineteen Eighty-four
Autor: George Orwell
Tradutor:Ana Luísa Faria
Colecção: Mil Folhas nº25
Editor: Público
Edição/reimpressão: Outubro de 2002
ISBN: 8481305626
Páginas: 320


Sinopse: Na sua obra 1984, escrita um ano antes da sua morte, em 1950, George Orwell concebe um Estado futuro omnipresente e omnipotente, constituindo um dos clássicos da literatura do século XX. A personagem de O'Brien, membro da direcção do partido dominante no Estado totalitário, condensa a ideia da obra, com um comportamento caracterizado pelo exercício do poder como valor absoluto. Tudo é justificável para conseguir o poder, e tudo para o conservar. Não há casa que escape à vigilância do Super-Estado, o Grande Irmão cuja presença chega às actividades mais íntimas do ser humano.

Winston Smith, o protagonista, é um homem que tenta rebelar-se contra esse sistema monstruoso, mas que, pouco a pouco, se vê submetido ao mesmo. O Estado apodera-se da consciência das pessoas, dos seus sentimentos, dos seus sentidos. Em 1984, Orwell oferece-nos um panorama profundo das relações e dependências que o Estado é capaz de criar com uma filosofia ditatorial, onde não há respeito pela individualidade do ser humano, e muito menos quando a tecnologia se encontra ao serviço dessa perversão.

O Grande Irmão, esse olho que tudo vê, inspirou o nome de um dos programas que mais êxito teve nos últimos anos dentro do género dos reality shows. Como em 1984, trata-se de um grupo de pessoas que se submete à vigilância permanente de todos os seus actos. A diferença radica no facto de o fazerem livremente. A novela de Orwell, contudo, expõe um retrato lastimoso e magistral da perda de liberdade do ser humano.


A minha opinião: 1984 é um livro assustador. Não só porque a sociedade descrita por Orwell é incrivelmente realista, mas também porque, tratando-se de um cenário futurista que se passa em 1984, mas publicado em 1949, é assustadoramente actual.

Em 1984 o Grande Irmão controla tudo e todos. A Polícia do Pensamento está constantemente atenta e vigilante. Colegas, amigos, família, são levados para nunca mais regressar e é como se nunca tivessem existido. A Novilíngua, que supostamente pretende apenas facilitar a comunicação, surge  como forma de eliminar o livre pensamento. A repressão é conseguida através dos telecrãs que vigiam tudo e todos, inclusivamente nas suas próprias casas, mas também através do controlo da comunicação social. As notícias são manipuladas de acordo com a agenda do Partido e há uma constante guerra por áreas disputadas entre três super-potências, sendo que duas são aliadas contra uma terceira, e as alianças alteram-se periodicamente, sendo qualquer referência à aliança anterior imediatamente destruída...

O passado é, assim, constantemente reescrito e é precisamente esse o trabalho do protagonista, Winston Smith. Ele trabalha no Ministério da Verdade, reescrevendo a História. Contudo, a pouco e pouco, a semente da desconfiança e da revolta começa a desabrochar dentro de Smith. Mas conseguirá um homem fazer a diferença numa sociedade completamente dormente e crente fiel de que o Partido sabe o que é melhor para todos?

Como já referi, é um cenário absolutamente assustador... Porque muito daquilo que Orwell imaginou já existe actualmente. E porque será tão fácil, se não fizermos nada contra, chegar lá... Afinal, e citando Edmund Burke, the only thing necessary for the triumph of evil is for good men to do nothing.

Antes de o ler, já sabia muito sobre 1984. Mas confesso que foi muito pior do que estava à espera. E nunca teria imaginado aquele final, embora agora perceba que era o único final possível. É triste perceber que Orwell nos alertou para o caminho para onde nos dirigimos enquanto sociedade há 69 anos, mas parece ser inevitável que é mesmo para lá que nos dirigimos... Um livro genial e uma leitura obrigatória!


Classificação: 5

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