segunda-feira, 14 de maio de 2012

Opinião: "A Costa dos Murmúrios"

Autor: Lídia Jorge
Colecção: Mil Folhas nº10
Editor: Público
Edição/reimpressão: Julho de 2002
ISBN: 8493264512
Páginas: 224

Sinopse: A Costa dos Murmúrios, publicado em 1988, é o mais famoso romance de Lídia Jorge, tanto em Portugal como no estrangeiro. O seu aparecimento foi um êxito desde o primeiro momento, tendo chegado a vender cerca de 50.000 exemplares em menos de um ano. A obra é produto da experiência que a autora viveu em África e, particularmente, dos seus três anos em Moçambique, imediatamente antes da queda do regime de ditadura em 1974. Com a nova ordem política, Portugal aceita a autonomia da sua colónia, que em Junho de 1975 obtém a independência plena. O romance reflecte a época da luta colonial segundo as recordações da autora, mas o fio condutor da trama é a traumática história de amor de Eva Lopo e Luís Alex, combatente ao serviço do projecto imperial salazarista. O romance abre com um conto relatado na terceira pessoa sobre o casamento de Eva e Luís. Mas, seguidamente, é Eva que assume a voz da narração e evoca os últimos vinte anos de vertiginosas transformações. Entre elas, é particularmente dolorosa a do seu marido, que se converte num repressor sanguinário, o que conduz Eva a manter, por despeito, uma relação amorosa com um jornalista mulato. Para além do seu vigoroso conteúdo como personagem de carne e osso, Luís é igualmente símbolo de um regime incapaz de gerar futuro algum e que tenta defender-se pela força. O balanço da evocação é tão lamentável e desolador como a própria guerra.

A minha opinião: A Costa dos Murmúrios não foi uma leitura fácil. A autora tem uma escrita bastante particular e, por vezes pareceu-me que era suposto ter inferido algo que não atingi... Talvez por a realidade retratada no livro me ser, felizmente, desconhecida. Não sei, mas fiquei com a sensação de que me falhou alguma coisa.

O livro começa com um conto sobre o casamento de Eva e Luís intitulado Os Gafanhotos. De seguida, Eva começa a contar a sua história, estabelecendo paralelos com o conto. E a sua história começa com a sua chegada a Moçambique para o seu casamento com o alferes Luís. Mas a história idealizada em Os Gafanhotos não corresponde à realidade pois, como Eva irá descobrir, Luís não é o mesmo homem por quem se apaixonou, a guerra mudou-o, desprovendo-o da sua personalidade e tornando-o uma espécie de autómato, uma triste cópia do seu capitão que admira cegamente. Este foi, para mim, um dos pontos fortes do livro, a descrição dos efeitos da guerra num jovem que, antes da guerra era curioso e ambicioso e que, durante a guerra mudou radicalmente na forma de pensar e de agir, como se tivesse sofrido uma lavagem cerebral, tornando-se irreconhecível para a mulher que o amava.

Mas A Costa dos Murmúrios não aborda apenas os efeitos da guerra nos homens que a combateram. Também foca os seus efeitos nas suas mulheres que ficavam para trás, esperando e desesperando pelo seu regresso, de preferência sãos e salvos.

É um livro sobre a estupidez e atrocidade da guerra contado na perspectiva da mulher de um combatente, o que julguei ser uma perspectiva bastante interessante. Julgo que foi mesmo o estilo da escrita que me impossibilitou ter gostado mais da história. Curiosamente, quando comecei a ler não tinha lido a sinopse por isso pensei que o estilo do livro seria o estilo do conto inicial e estava a gostar bastante do mesmo....

Classificação: 2

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Este livro conta para os Desafios Mount TBR 2012, What's in a Name 5 (acidente geográfico) e Spring Reading Thing 2012.

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