segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Opinião: "Amuleto"

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Título original: Amuleto
Autor: Roberto Bolaño
Tradutor:
Editor: Quetzal
Edição/reimpressão: Março de 2013
ISBN: 9789897220883
Páginas: 144

Sinopse: A voz arrebatadora de Auxílio Lacouture narra um crime atroz e longínquo, que só virá a ser revelado nas últimas páginas deste romance - no qual, de resto, não escasseiam crimes, sejam eles os do quotidiano, ou os da formação do gosto.
Uruguaia de meia-idade, alta e magra como Dom Quixote, Auxilio ficou escondida na casa de banho das mulheres, enquanto a políca ocupava, de forma brutal, da Faculdade de Filosofia e Letras da Cidade do México, em 1968. Durante os dias que aí permaneceu, os lavabos converteram-se num túnel do tempo, que lhe permitiu rememorar os anos vividos no México e antever os que estavam por vir.
Neste exercício evoca a poeta Lilian Serpas, que foi para a cama com Che, e o seu desafortunado filho; os poetas espanhóis León Filipe e Pedro Garfias, a quem Auxílio serviu voluntariamente como empregada doméstica; a pintora catalã Remedios Varo e a sua legião de gatos; o rei dos homossexuais da colónia Guerrero e o seu reino de terror; Arturo Belano, uma das personagens centrais de Os Detetives Selvagens; e a derradeira imagem de um assassínio esquecido.

A minha opinião: Em Amuleto, Roberto Bolaño parte de uma situação real, a ocupação da Faculdade de Filosofia e Letras da Cidade do México, pela polícia, em 1968, para criar uma história que acaba por acompanhar os principais acontecimentos da próxima década, não só no México, mas também por toda a América do Sul. E é através do olhos de Auxílio que o autor nos conta essa mesma história.

Auxílio é uruguaia e encontra-se ilegal no México. Foi para o México, não para encontrar melhores condições de vida, mas para conviver com os poetas mexicanos e é isso que faz, trabalhando (a maior parte das vezes de graça) nas suas casas e na Universidade. E é quando Auxílio se encontra precisamente na casa de banho das mulheres do quarto andar da Faculdade de Letras que a polícia mexicana ocupa a universidade e Auxílio fica presa durante treze dias.

Auxílio começa então a recordar os acontecimentos desde que chegou ao México, mas também aquilo que experienciará depois de sair da casa de banho, misturando passado e futuro e com algumas incursões no presente, à medida que o tempo vai passando e Auxílio vai perdendo as forças.

Apesar de também existirem outras personagens criadas pelo autor (e algumas delas protagonistas de outros livros), através de Auxílio conhecemos vários personagens reais, principalmente poetas, mas também pintores, a elite intelectual mexicana da época, profundamente marcada pelos acontecimentos de 1968, a ocupação da universidade, e, posteriormente, o massacre de centemas de estudantes e civis, assassinados a mando do governo, como forma de suprimir a oposição. Acontecimentos que também marcaram, obviamente, o autor, que me pareceu querer fazer com este livro uma homenagem a essa geração perdida. Gostei e vou querer ler mais alguma coisa do autor.

Classificação: 3

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