quarta-feira, 4 de maio de 2016

Opinião: "O Conto da Ilha Desconhecida"

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Autor: José Saramago
Ilustrador: Bartolomeu dos Santos
Editor: Editorial Caminho
Edição/reimpressão: Janeiro de 1999
ISBN: 9789722112635
Páginas: 40

Sinopse: Um dia, um homem dirigiu-se à porta do rei para pedir um barco, mas aquela era a porta das petições, e não foi recebido pelo rei. Depois de muita insistência e de a muitas portas bater pelos meandros da burocracia real lá conseguiu que o rei lhe desse, finalmente, o tão desejado barco. A mulher da limpeza do palácio real foi a única tripulação que arranjou e, depois de apetrechado e limpo o barco, dormiram essa noite no cais. Na manhã seguinte baptizaram a embarcação e, pela hora do meio-dia, com a maré, a Ilha Desconhecida fez-se enfim ao mar, à procura de si mesma.

A minha opinião: Um pequeno conto que é também uma mordaz crítica à sociedade portuguesa. Num reino facilmente identificado como Portugal, o palácio do rei tinha várias portas, entre as quais a dos obséquios e a das petições. O rei passava o tempo todo à porta dos obséquios, mas os súbditos que batiam à porta das petições tinham de passar por todo o staff do palácio começando pela mulher da limpeza, passando pelos vários secretários do rei até ao próprio rei que normalmente despachava o assunto para o seu primeiro secretário e por assim adiante até voltar à mulher da limpeza que acabava por decidir o assunto.

Mas desta vez o homem à porta das petições não quer títulos, condecorações ou dinheiro, ele quer falar com o rei. E recusa-se a deixar a porta até que aconteça. E lá começa o pedido a seguir o percurso do costume... Ora os dias vão passando e a fila à porta das petições continua a aumentar, pelo que o rei lá se digna a ir falar com o homem. E este pede-lhe um barco. E quando o rei o questiona porque quer ele um barco ele responde-lhe que quer um barco para partir em busca da Ilha Desconhecida. Mas que ilha, se o mundo já foi todo descoberto? Todavia o homem insiste e o rei, que já só quer livrar-se da fila na porta das petições e não ficar mal visto perante os seus súbditos, acede.

E é assim que o homem consegue o seu barco e já pode partir em busca da Ilha Desconhecida, assim que consiga uma tripulação. Mas a única pessoa que se oferece para partir com ele é a mulher da limpeza que ouviu a sua petição ao rei e decidiu que também ela quer encontrar a Ilha Desconhecida. E é à medida que vão preparando a sua viagem que percebem que talvez a Ilha Desconhecida esteja mais próxima do que pensavam...

Gostei mesmo muito e acho que funciona muito bem como uma introdução à obra de Saramago. É incrível como num pequeno conto de apenas 40 páginas o autor consegue juntar crítica social, homenagem ao espírito descobridor e aventureiro dos portugueses e uma história de amor. Muito bom!

Classificação: 4

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