Editor: Oficina do Livro
Edição/reimpressão: 2012
ISBN: 9789895560134
Páginas: 243
Sinopse: Um desgosto avassalador leva um lisboeta a refugiar-se numa enseada
perdida dos Açores para cumprir um velho sonho: avistar baleias.
Enquanto espera pela chegada dos gigantes marinhos, ocupa os dias
naquele lugar dominado pelo ruído do oceano a tentar reencontrar-se e a
escrever cartas para o seu melhor amigo, contando-lhe o fio dos seus
dias no exílio, mas também para destinatários tão improváveis como o
Instituto Nacional de Estatística, o boxeur português com mais derrotas
acumuladas ou um guru de auto-ajuda de sucesso planetário.
À
medida que o tempo passa, consegue vencer a solidão absoluta que impôs a
si próprio e estabelece contacto com os seus poucos vizinhos, como um
alemão bem-humorado, que todos os dias sai sozinho para o mar, e um
casal de reformados oriundo do continente, que recebe cartas do filho
dos mais variados lugares do mundo. Depressa descobre que, naquela
enseada, todos têm qualquer coisa a esconder e nada é exactamente o que
parece.
À Espera de Moby Dick é um romance grandioso e
envolvente que nos fala do amor, da perda e da extraordinária capacidade
de regeneração do ser humano perante as maiores adversidades.
A minha opinião: À espera de Moby Dick segue uma narrativa epistolar, estrutura que aprecio bastante. O protagonista, cujo nome nunca chegamos a conhecer, muda-se, repentina e inesperadamente, para os Açores, com o objectivo de avistar baleias. Na verdade, está a refugiar-se de um desgosto, qual nunca chegamos a conhecer completamente, uma vez que o protagonista só se refere a ele com meias-frases e metáforas.
Chegado aos Açores, inicia correspondência com o seu melhor amigo, ao qual vai pedindo favores, ao mesmo tempo que o tenta tranquilizar de que o seu exílio voluntário não significa que irá pôr fim à sua própria vida. Apenas temos acesso à correspondência do protagonista, nunca às respostas do seu amigo, mas sabemos algumas coisas através das respostas às suas questões.
Para além desta correspondência, o protagonista escreve também várias cartas a diferentes entidades e pessoas, consoante algo que leu lhe suscita a necessidade de expressar a sua opinião, ou uma reflexão o motiva a compartilhá-la com a pessoa/entidade que considera mais adequada para a partilhar. Algumas destas cartas são engraçadas, mas algumas achei forçadas...
Através das suas cartas ficamos a saber como o protagonista ocupa os seus dias, e também ficamos a conhecer os vizinhos com quem se começa a relacionar, todos eles também personagens um pouco estranhas e que, desconfiamos, estão também em exílio e a fugir de alguma coisa...
E depois há a correspondência que o filho dos Viana, os seus vizinhos, lhes envia dos mais variados locais do globo, e que despertam o interesse do protagonista e, também o nosso.
Gostei da escrita do autor e da história, especialmente das descrições dos Açores (que têm um lugarzinho especial no meu coração), e só não lhe dou uma classificação mais elevada porque ficam muitas pontas soltas, demasiadas coisas por explicar ou apenas subentendidas, e eu gosto de saber os comos e os porquês. Mas é uma boa história sobre a perda, o luto e o voltar à vida, não à que tínhamos antes, mas à que fica depois.
Classificação: 3