Título original: The Help
Autor: Kathryn Stockett
Tradutor: Fernanda Semedo
Editor: Saída de Emergência
Edição/reimpressão: Setembro de 2010
ISBN: 9789896372545
Páginas: 464
Sinopse: Skeeter tem vinte e
dois anos e acabou de regressar da universidade. Pode ter uma licenciatura, mas estamos em 1962, no Mississippi, e a sua mãe só a irá deixar em paz quando a vir com uma aliança no dedo. Provavelmente a jovem encontraria conforto junto da sua adorada Constantine, a empregada negra que a criou, mas esta foi embora e ninguém lhe diz para onde.
Aibileen é uma empregada negra que criou dezassete crianças brancas. Mas desde que o seu próprio filho morreu, algo mudou dentro de si. Quem a conhece sabe que tem um grande coração e uma história ainda maior para contar.
Minny, a melhor amiga de Aibileen,
é a mulher com a língua mais afiada do Mississippi.
Cozinha divinamente, mas tem sérias dificuldades em manter o emprego...
até ao momento em que encontra uma nova e insólita patroa.
Estas três
personagens extraordinárias irão cruzar-se e iniciar um projecto clandestino que as vai colocar a todas em perigo. E porquê? Porque estão a sufocar com as barreiras que definem a sua cidade, o seu tempo e as suas vidas.
A minha opinião: Este livro despertou a minha curiosidade desde que foi lançado em Portugal. Tinha o pressentimento que o iria adorar e, felizmente, não estava enganada!
A história é-nos contada na perspectiva de três personagens, Skeeter, Aibileen e Minny, e passa-se na cidade de Jackson, estado do Mississipi, em 1962. Ou seja, numa época em que a segregação racial ainda era algo muito real. Havia lojas, escolas, hospitais e até casas de banho só para os negros, e consequências terríficas para quem tentava alterar a situação.
Foi uma época de grande hipocrisia porque, por um lado, os brancos não queriam misturas com os negros, mas por outro, já não se importavam que fossem os negros a criar os seus filhos, a limpar as suas casas e a preparar a sua comida...
Quanto à história propriamente dita, esta tem início com a readaptação de Skeeter à sua terra natal, depois de terminada a universidade. Ao contrário das outras raparigas da sua idade, Skeeter não sonha em casar e constituir família. O seu sonho é viver da escrita, de preferência em Nova Iorque. Skeeter resolve procurar emprego no jornal local, mas a única oferta que lhe fazem é para escrever a coluna de conselhos domésticos. E é aqui que Skeeter se vai aproximar de Aibileen, a criada negra de uma das suas melhores amigas, e a quem pede ajuda para escrever a coluna, já que nada sabe sobre gestão doméstica.
Aibileen toda a vida criou os filhos dos brancos, mas quando o seu próprio filho morre, algo morre também dentro dela. Torna-se particularmente atenta à negligência da patroa em relação à filha, Mae Mobley, de quem Aibileen gosta como se fosse a sua própria filha.
Quando Skeeter aborda Aibileen com uma ideia totalmente louca, está a
colocar-se a si própria e a Aibileen em perigo. Mas Aibileen, apesar de
dolorosamente consciente dos riscos, aceita ajudar. E acaba por
convencer Minny a ajudar também.
Cedo percebemos que Skeeter não é como as outras raparigas brancas da sua idade, porque se apercebe das injustiças cometidas em relação aos negros. E a convivência com Aibileen e, mais tarde, com Minny, vão torná-la cada vez mais consciente da realidade ao seu redor.
Minny é hilariante. Completamente desbocada, é incapaz de manter um emprego por muito tempo porque acaba sempre por falar de mais. Mas desta vez, não foi por culpa dela que perdeu o emprego, foi a filha da sua patroa, Hilly, que a caluniou por toda a cidade impossibilitando-lhe arranjar um novo emprego. Mas porque não eram apenas os negros que eram desprezados naquele tempo, também os brancos de origens humildes eram olhados de lado, Minny acaba por encontrar uma nova patroa, Celia, que é rejeitada pelas outras mulheres da cidade e revela-se uma patroa diferente de todas as outras que Minny já tinha tido...
E pronto não vou contar mais porque daqui a pouco conto a história toda. Desculpem o entusiasmo, mas de facto o ponto forte deste livro, para mim, foram as personagens. A forma como as mesmas evoluem à medida que vamos lendo é notória. Gostei das três personagens principais, mas destaco a Skeeter, pois é nela que a evolução é mais notória, passa de alguém que se apercebe vagamente de que algo está errado e inicia um projecto com vista a obter proveito próprio, para alguém cuja vida se vê completamente virada do avesso, mas que tenta mudar as coisas independentemente das consequências para si própria.
Mas não são só as personagens principais que se destacam. Hilly é uma personagem completamente odiosa, cuja maldade se vem desvendado à medida que avançamos na história e cujo fim, apesar de ter algo de justiça poética, é muito leve para aquilo que merecia. Celia é uma personagem que tive pena de não ter sido mais explorada, pois penso que havia mais complexidade nela do que aquela que nos é mostrada.
Também tive pena que a autora não tivesse desenvolvido mais certos aspectos da história, mas compreendo que, para o fazer, provavelmente precisaria do dobro das páginas.
Enfim, já perceberam que adorei, não é? Agora só me falta ver a adaptação cinematográfica, mas suspeito que não seja possível estar ao nível do livro. Também vou ler em breve Mataram a Cotovia de Harper Lee, um livro que é referido em As Serviçais e que tenho bastante curiosidade em ler.
Classificação: 5
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Este livro conta para o Desafio
Spring Reading Thing 2012.