quarta-feira, 8 de junho de 2011

Opinião: "A Música do Acaso"

Título original: The Music of Chance
Autor: Paul Auster
Tradutor: Ana Patrão
Colecção: Grandes Narrativas nº 38
Editor: Editorial Presença
Edição/reimpressão: Agosto de 1997
ISBN: 9789722315517
Páginas: 231

Sinopse:
A Música do Acaso é um dos mais intrigantes romances de Paul Auster. Nele conta-se a história de alguém que inesperadamente recebe uma herança, decide abandonar tudo e viajar sem rumo. Disposto a continuar enquanto tiver dinheiro, não estabelece nenhum ponto de chegada, deixando-se conduzir pelo acaso. Este torna-se a força motriz que determina a sua vida, transformando-a numa sucessão de acontecimentos aparentemente sem significado. Assente sobre este jogo perverso, o autor desenrola a história dos seus personagens de acordo com os seus próprios temas-obsessões, definindo o indivíduo simultaneamente pela sua impotência e pela sua capacidade de viajar até aos limites da solidão.

A minha opinião: Este deve ter sido um dos livros mais estranhos que já li... Surreal parece-me a palavra que melhor o descreve. Nunca um livro tinha tido esta reacção em mim: por várias vezes tive de parar de ler porque as acções do personagem principal irritavam-me de tal maneira que tinha de parar e pensar, "calma é só um livro"...


Basicamente conta-nos a história de Jim Nashe que, após ter recebido uma herança, resolve vender tudo o que tem, despacha a filha para casa da irmã, compra um carro e decide percorrer o país no carro enquanto o dinheiro durar. Este desprendimento, para mim, só seria justificado se o protagonista tivesse vivido uma experiência traumatizante (a morte de um ente querido ou uma experiência de quase morte, por exemplo) ou se esta viagem coincidisse com uma viagem de auto-descoberta, em que percebesse quem é e o que realmente importa na vida. Mas não, o protagonista inicia uma viagem de auto-destruição, com sucessivos tiros no pé dos quais não retira qualquer lição e que nem sequer o parecem incomodar minimamente.

A dada altura, quando o dinheiro começa a escassear, conhece Jack Pozzi, um jogador de póquer profissional e vê nele uma oportunidade de ganhar mais dinheiro e, assim adiar a inevitável decisão de o que fazer com a sua vida quando o dinheiro acabar. Claro que tudo corre horrivelmente mal e, a partir daí, Nashe vê-se metido num buraco do qual não consegue sair e o que é que faz? Continua a escavar... Até o fim foi anti-apoteótico, mas nessa altura já não queria saber, só queria que acabasse...

Apesar de não ter gostado da história, gostei do estilo da escrita do autor e não posso negar que tem imaginação, só me parece que não é para mim. Aliás, tenho a sensação que Paul Auster é um daqueles autores que, ou se ama, ou se odeia. Ainda tenho outro livro dele por ler cá por casa por isso ainda lhe vou dar uma segunda hipótese, mas não será para breve.
 
Classificação: 1

------------------------------------------------------------------- 

Este livro conta para o Desafio Spring Reading Thing 2011.

6 comentários:

  1. Ainda não li nada de Paul Auster, mas que é muito publicitado lá isso é e volta e meia lembro-me que tenho de o ler. A começar por um título, não será por este...

    Barroca

    ResponderEliminar
  2. Pois, de facto, não o posso recomendar... Mas parece ser um autor muito apreciado. Talvez não seja autor para mim, só isso. ;)

    ResponderEliminar
  3. Mas qualquer um dos livros deste grande/enorme autor americano é um grande livro e A MÚSICA DO ACASO é um deles. Já leram MER VERTIGO? então leiam. Vale a pena ler qualquer um dos livros de Paul Auster.

    ResponderEliminar
  4. Parece que é mesmo um autor que, ou se ama, ou se odeia... Vou reservar a minha opinião para quando ler outro dos seus livros.

    ResponderEliminar
  5. Correção o personagem Jim Nashe não despacha a filha após receber a herança mas sim antes por ter sido abandonado pela mulher e não poder proporcionar o melhor ambiente para a filha. Por isso deixou-a ao cuido da sua irmã, só depois é que ele recebeu a herança. Só não foi busca-la porque acha que ele se encontra num bom ambiente e tem uma familia, o que não teria se estivesse com ele.

    ResponderEliminar
  6. Ora bolas, só agora vi o comentário...
    É possível, sinceramente já não me lembro, já o li há muito tempo. Mas a ideia com que fiquei na altura foi que ele tinha despachado a filha e nunca mais se ralou com ela. Pode ser que pensasse que era o melhor para ela, mas pelo menos podia ir ligando à irmã para saber da filha...

    ResponderEliminar