Autor: Chimamanda Ngozi Adichie
Tradutor: Tânia Ganho
Tradutor: Tânia Ganho
Editor: Edições Asa
Edição/reimpressão: Julho de 2010
ISBN: 9789892308531
Páginas: 272
Sinopse: Os limites do mundo da jovem Kambili são definidos pelos muros da luxuosa propriedade da família e pelas regras de um pai repressivo. O dia-a-dia é regulado por horários: rezar, dormir, estudar e rezar ainda mais. A sua vida é privilegiada mas o ambiente familiar é tudo menos harmonioso. O pai tem expectativas irreais para a mulher e os filhos, e pune-os severamente quando se mostram menos que perfeitos.
Quando um golpe militar ameaça fazer desmoronar a Nigéria, o pai de Kambili envia-a, juntamente com o irmão, para casa da tia. É aí, nessa casa cheia de energia e riso, que ela descobre todo um novo mundo onde os livros não são proibidos, os aromas a caril e a noz-moscada impregnam o ar, e a alegria dos primos ecoa.
Esta visita vai despertá-la para a vida e o amor e acabar de vez com o silêncio sufocante que a amordaçava. Mas a sua desobediência vai ter consequências inesperadas...
Uma obra sobre a ânsia pela liberdade, o amor e o ódio, e a linha ténue que separa a infância da idade adulta, que marcou a estreia de uma escritora extraordinária.
A minha opinião: A Cor do Hibisco foi uma leitura difícil para mim, pelo menos no ínicio. Não porque não tenha gostado da escrita da autora (que adorei) ou da história (que é extremamente poderosa), mas devido aos temas que aborda: fanatismo religioso e violência doméstica. Apenas um já seria suficiente para me deixar bastante incomodada, mas os dois juntos foi dose...
A história é-nos contada por Kambili, a filha mais nova numa família composta pelo Pai, a Mãe e o seu irmão Jaja. Por fora parecem a família perfeita, o Pai é dono de várias fábricas e de um jornal independente e é um filantropo reconhecido internacionalmente. Mas por dentro das quatro paredes, a realidade é outra. A Mãe, Jaja e Kambili vivem num regime de medo, constantemente preocupados em cumprir as estipulações do Pai e em satisfazer as suas expectativas. Contudo, o Pai é um fanático religioso com a ilusão de ter a perfeita família católica e não hesita em recorrer a castigos corporais sempre que acha que a mulher ou os filhos não estão a ter o comportamento apropriado.
No entanto, esta é a única realidade que Jaja e Kambili conhecem, é o normal para eles, e é só quando vão passar uns dias a casa da tia e dos primos que praticamente não conhecem, que se começam a aperceber que a realidade que conhecem não é a norma para todos. E é quando comparamos Jaja e Kambili aos seus primos que percebemos realmente o quanto estão afectados pela sua situação familiar. São crianças apáticas, tristes, que não riem, não brincam, só fazem aquilo que o Pai lhes estipula no horário. E, se inicialmente são os seus primos a ressentirem-se com eles por serem ricos e por terem uma vida fácil e protegida (ah, a ironia!), rapidamente a situação se inverte e de invejosos os primos passam a invejados pela liberdade, felicidade e amor que têm. Jaja e Kambili podem ter uma casa apetrechada com os mais modernos aparelhos electrónicos (como aparelhagem e televisão por satélite), mas não têm permissão para os utilizar. Na casa da tia, as dificuldades são muitas, a comida é simples, todos têm de fazer a sua parte para ajudar e não há dinheiro para luxos, mas há alegria, há música, há risos e há amor.
A situação é ainda mais revoltante porque todos parecem invejar a vida da Mãe, de Jaja e de Kambili. A sociedade glorifica o Pai por ter o único jornal contra o regime e pelas suas inúmeras obras de caridade, mas ninguém parece ver (ou fingem que não vêem) o que realmente se passa naquela casa.
Sinto que, por mais que esmiúce aqui a história, nunca lhe conseguirei fazer justiça, até porque a autora consegue, de forma magistral, mostrar as racionalizações que as vítimas de violência doméstica fazem e que lhes permitem conseguir lidar com a situação que vivem. Algo que é particularmente patente em Kambili que, mesmo no fim de tudo ainda pensa no Pai com carinho.
Descobri mais uma autora obrigatória e só não lhe dei classificação 5 pela dificuldade que tive em lidar com a história no início. Mas o problema foi meu, que não tenho estômago para hipocrisias, por isso não deixem de lhe dar uma hipótese.
Classificação: 4
A história é-nos contada por Kambili, a filha mais nova numa família composta pelo Pai, a Mãe e o seu irmão Jaja. Por fora parecem a família perfeita, o Pai é dono de várias fábricas e de um jornal independente e é um filantropo reconhecido internacionalmente. Mas por dentro das quatro paredes, a realidade é outra. A Mãe, Jaja e Kambili vivem num regime de medo, constantemente preocupados em cumprir as estipulações do Pai e em satisfazer as suas expectativas. Contudo, o Pai é um fanático religioso com a ilusão de ter a perfeita família católica e não hesita em recorrer a castigos corporais sempre que acha que a mulher ou os filhos não estão a ter o comportamento apropriado.
No entanto, esta é a única realidade que Jaja e Kambili conhecem, é o normal para eles, e é só quando vão passar uns dias a casa da tia e dos primos que praticamente não conhecem, que se começam a aperceber que a realidade que conhecem não é a norma para todos. E é quando comparamos Jaja e Kambili aos seus primos que percebemos realmente o quanto estão afectados pela sua situação familiar. São crianças apáticas, tristes, que não riem, não brincam, só fazem aquilo que o Pai lhes estipula no horário. E, se inicialmente são os seus primos a ressentirem-se com eles por serem ricos e por terem uma vida fácil e protegida (ah, a ironia!), rapidamente a situação se inverte e de invejosos os primos passam a invejados pela liberdade, felicidade e amor que têm. Jaja e Kambili podem ter uma casa apetrechada com os mais modernos aparelhos electrónicos (como aparelhagem e televisão por satélite), mas não têm permissão para os utilizar. Na casa da tia, as dificuldades são muitas, a comida é simples, todos têm de fazer a sua parte para ajudar e não há dinheiro para luxos, mas há alegria, há música, há risos e há amor.
A situação é ainda mais revoltante porque todos parecem invejar a vida da Mãe, de Jaja e de Kambili. A sociedade glorifica o Pai por ter o único jornal contra o regime e pelas suas inúmeras obras de caridade, mas ninguém parece ver (ou fingem que não vêem) o que realmente se passa naquela casa.
Sinto que, por mais que esmiúce aqui a história, nunca lhe conseguirei fazer justiça, até porque a autora consegue, de forma magistral, mostrar as racionalizações que as vítimas de violência doméstica fazem e que lhes permitem conseguir lidar com a situação que vivem. Algo que é particularmente patente em Kambili que, mesmo no fim de tudo ainda pensa no Pai com carinho.
Descobri mais uma autora obrigatória e só não lhe dei classificação 5 pela dificuldade que tive em lidar com a história no início. Mas o problema foi meu, que não tenho estômago para hipocrisias, por isso não deixem de lhe dar uma hipótese.
Classificação: 4
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Este livro conta para os Desafios Mount TBR 2014, TBR Pile 2014, Take Control of Your TBR Pile March 2014 e Monthly Key Word Challenge 2014 (flower).
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