quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Opinião: "Middlesex"

Título original: Middlesex
Autor: Jeffrey Eugenides
Tradutor: Pedro Serras Pereira
Editor: Dom Quixote
Edição/reimpressão: Outubro de 2008
ISBN: 9789722025829
Páginas: 528


Sinopse: Na Primavera de 1974, Calliope Stephanides, estudante num colégio de raparigas em Gross Pointe, Michigan, vê-se irresistivelmente atraída por uma colega de turma arruivada, fumadora compulsiva, com um dom para as artes dramáticas. A paixão que se desenvolve secretamente entre as duas, bem como o não-desenvolvimento de Callie, leva-a a desconfiar que não é uma rapariga igual às outras. Na verdade não é rapariga nenhuma.
A explicação para este alarmante estado de coisas reside numa mutação genética rara, e num segredo inconfessado, que perseguiu os avós de Callie desde o desmoronamento do Império Otomano à Detroit dos anos vinte, passando pelos gloriosos tempos da Motor City, pelos motins raciais de 1967, até à segunda migração da família, para um país estrangeiro num subúrbio da cidade. Graças ao gene, Callie é em parte rapariga, em parte rapaz. E embora as viagens épicas do gene tenham terminado, a sua odisseia individual ainda mal começou.
Um triunfo extraordinário do consagrado autor de As Virgens Suicidas, a historia mirabolante de um gene que atravessa três gerações de uma família de gregos americanos ate florescer no corpo de uma jovem adolescente.


A minha opinião: Middlesex não é uma leitura fácil (o que explica porque é que me levou três meses a terminar), mas no final acabei por gostar bastante. 

É a história de alguém que se descreve a si próprio como tendo nascido duas vezes: a primeira como uma bebé menina e a segunda como um rapaz adolescente. Não, não se trata de reencarnação. Cal Stephanides (nascido Calliope Stephanides) tem síndrome de deficiência 5-alpha-reductase. Ou seja, é geneticamente masculino, mas nasceu com genitália aparentemente feminina. Contudo, embora bastante cedo tenha percebido não ser uma rapariga como as outras (as suas mamas nunca se desenvolveram, nunca menstruou e sentia-se atraída por raparigas), só na adolescência se descobriu a sua condição. E quando os seus pais concordam com os médicos que a solução será retirar o órgão masculino, Callie acaba por fugir e tornar-se Cal. 

Mas estou a adiantar-me bastante, pois esta é também a história de outras duas gerações, a dos seus avós e as dos seus pais. Os avós gregos viram-se forçados a fugir para os Estados Unidos depois de Esmirna ter sido reconquistada pelos turcos. Foi uma adaptação difícil e, nos caso da avó Desdemona, nunca aconteceu verdadeiramente. E depois há o segredo, que só a avó Desdemona, o avô Lefty e a prima Sourmelina conhecem... 

O pai de Cal, Milton, é um americano de primeira geração, mas criado numa comunidade greco-americana. Apaixona-se perdidamente pela prima Tessie (filha de Sourmelina) e acabam por casar. Apesar da influência da mãe, Milton é verdadeiramente norte-americano, e abraça o modo de vida americano. O seu sucesso permite-lhe mudar a família para um bom bairro, para uma propriedade chamada Middlesex, e os seus filhos andam num colégio privado. Contudo, como geralmente acontece, a boa sorte não dura para sempre, e Milton tem muita dificuldade em lidar com os problemas. 

É já depois da sua morte que Cal regressa a Middlesex e se reconcilia com o passado. E que descobre o grande segredo... 

A história é muito intrincada. Mesmo aquilo que parece pouco importante, acaba por ter a sua importância revelada posteriormente. E há ainda todo o contexto social e cultural que o autor magistralmente entrelaça com a história dos Stephanides. 

Só houve um pormenor de que não gostei (para além da capa da edição portuguesa). Porque a história é contada por Cal, nunca chegamos a saber o nome do irmão, já que Cal se refere sempre a ele como Capítulo Onze (que imagino que seja a sua forma de lhe chamar bancarrota?). Também nunca sabemos o nome da colega por quem se apaixona em adolescente, sempre referida como Objecto Obscuro... 

Enfim, não é uma leitura fácil e requer muita atenção ao pormenor, mas vale a pena. Quanto mais não seja pelo avô Lefty que é a minha personagem preferida. 


Classificação:



1 comentário:

  1. Já li este livro há uns anos mas lembro-me, ai disso lembro-me, que o achei muito difícil, o que me levou a riscar da minha lista de futuras leituras, este autor.

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