quarta-feira, 18 de março de 2015

Opinião: "O Sentido do Fim"

www.wook.pt/ficha/o-sentido-do-fim/a/id/11917221?a_aid=4e767b1d5a5e5&a_bid=b425fcc9
Título original: The Sense of an Ending
Autor: Julian Barnes
Tradutor: Helena Cardoso
Editor: Quetzal
Edição/reimpressão: Outubro de 2013
ISBN: 9789725649893
Páginas: 160

Sinopse: Tony Webster e a sua clique só conheceram Adrian Finn no fim do liceu. Famintos de livros e de sexo, e sem namoradas, viviam esses dias em conjunto, trocando afetações, piadas, rumores e mordacidades de todo o género. Talvez Adrian fosse mais sério do que os outros, e seria certamente o mais inteligente. Mesmo assim, juraram que ficariam amigos para o resto da vida.
Tony está agora reformado. Teve uma carreira, um casamento e um divórcio amigável. E nunca fez nada para magoar ninguém - pelo menos acredita nisso. Mas a chegada da carta de uma solicitadora desencadeia uma série de surpresas, acontecimentos inesperados que lhe vão mostrar que a memória é afinal uma coisa altamente imperfeita. 

O Sentido do Fim é assim a história de um homem que se confronta com a mutabilidade do seu passado.

Com marcas da literatura inglesa clássica - na apreciação do júri que o distinguiu com o Man Booker Prize 2011 -, O Sentido do Fim constrói, com grande delicadeza e precisão, uma trama tensa, forte, e revela a mestria de um dos maiores escritores dos nossos tempos.

A minha opinião: Assim que este livro foi lançado por cá, chamou-me logo a atenção: a sinopse, a capa (eu sei, eu sei, não devemos julgar os livros pelas capas...) e, bem, o facto de ter sido premiado com o Man Booker Prize, em princípio, deveria querer dizer alguma coisa não é? Por isso, aproveitei a Feira do Livro do ano passado para o adquirir com um desconto jeitoso. E agora que precisava de ler, para um desafio, um livro que tivesse ganho um prémio literário pareceu-me a altura perfeita para o tirar da estante.

Toda a história nos é contada da perspectiva de Tony Webster que, no fundo, nos conta as suas memórias e e as suas impressões, não só da sua vida, mas também da sua relação com Adrian Finn. E começa no início, relembrando quando Adrian, recém chegado à escola que frequentava, chamou a sua atenção e a dos seus dois amigos, pela sua inteligência e maneira peculiar de encarar as coisas. Adrian é diferente deles, mas isso só lhes desperta mais o interesse e a admiração. E os quatro acabaram por se tornar grandes amigos. Amigos para sempre.

Ou não, que já se sabe que poucas são as amizades que resistem ao tempo e à distância... E no caso de Adrian... Bom, não vou contar porque acho que é melhor que seja descoberto durante a leitura.

A história avança até que Tony é um homem de meia idade, divorciado, mas ainda amigo da ex-mulher, e que perdeu o contacto com os antigos amigos. E é quando recebe uma carta de uma solicitadora a indicar que a mãe de uma antiga namorada dos tempos da faculdade (que só viu uma vez) morreu e lhe deixou algo em testamento, que Tony reexamina o seu passado e o passado de Adrian e, lentamente, começa a perceber que, por vezes, aquilo que recordamos não corresponde necessariamente à realidade. 

Gostei muito da história e, principalmente, da escrita do autor. É uma história sobre amizade, mas também sobre como por vezes a nossa percepção do passado está completamente errada só porque não temos acesso a toda a informação (e por vezes, mesmo que a tenhamos, interpretamo-la erroneamente). E é de leitura compulsiva, por estar extremamente bem escrito (e bem traduzido) e porque queremos saber o que é que afinal se passou...

Fiquei com vontade de ler mais livros do autor e, felizmente, há mais alguns traduzidos para português, pelo que vou ficar atenta a promoções para os adquirir.

Classificação: 4

-------------------------------------------------------------------

Este livro conta para os Desafios TBR Pile 2015, Mount TBR 2015What's in a Name? 2015 (word including ‘ing’ in it) e Monthly Motif Challenge 2015 (Award Winner - Man Booker Prize 2011)

Sem comentários:

Enviar um comentário