terça-feira, 16 de outubro de 2012

Opinião: "O Deus das Moscas"

Título original: The Lord of Flies 
Autor: William Golding
Tradutor: Luís de Sousa Rebelo
Colecção: Mil Folhas nº7
Editor: Público
Edição/reimpressão: Maio de 2002
ISBN: 8481305065
Páginas: 224

Sinopse: Com 14 milhões de cópias vendidas só nos países de língua inglesa, O Deus das Moscas toma lugar de pleno direito no círculo restrito das obras da grande literatura que conseguem realizar tiragens de bestseller de enorme consumo. Romance de estreia do então pouco conhecido William Golding, o livro foi publicado em Inglaterra, em 1954, graças ao caloroso apoio de T. S. Eliot, mas o grande sucesso chega com a edição económica publicada nos Estados Unidos em 1959, que se torna um verdadeiro objecto de culto, sobretudo junto do público jovem.
Ainda que de cativante haja bem pouco no romance: na sequência de um desastre aéreo ocorrido durante um conflito planetário, um grupo de meninos e rapazes encontra-se numa ilha deserta sem qualquer adulto. Pareceria a situação ideal para experimentar uma organização social fundada na liberdade natural, mas a pouco e pouco o grupo é invadido pelos medos e pelas inseguranças dos seus vários elementos, que afrouxam o controlo racional e deixam vir à tona um instinto agressivo e selvagem: um instinto capaz de destruir qualquer forma de colaboração ou solidariedade e que conduz a um desfecho trágico que, a partir de um certo momento, parece ser verdadeiramente inevitável.
Romance de tese sobre a naturalidade do mal, O Deus das Moscas é todavia toda uma perfeita máquina narrativa, na qual as dinâmicas incansáveis do entrecho se fundem com uma subtil e aturada análise da psicologia infantil e com uma profunda mas desolada reflexão sobre os fundamentos antropológicos da violência e da ânsia de poder.

A minha opinião: A sinopse indica que o romance tem pouco de cativante e não podia concordar mais... O Deus das Moscas conta-nos a história de um grupo de rapazes e meninos que, devido a um acidente de avião se vêem perdidos numa ilha deserta entregues a si próprios e sem qualquer adulto. Rapidamente elegem um chefe, Rafael, que decide que a tarefa primordial é manter sempre um fogo a arder para funcionar como aviso a potenciais barcos que passassem ao largo. Logo nessa primeira noite é possível ver que será muito difícil organizar o grupo de rapazes, pois à primeira sugestão que alguém faz, agem todos sem pensar e completamente desorganizados, e acabam por deitar fogo à ilha.

Para além de Rafael outros rapazes se destacam: Bucha é a voz da razão, mas a quem ninguém dá ouvidos até ser tarde demais; Jack é uma espécie de número dois que assume o comando dos caçadores; e Simão que é também equilibrado, mas incapaz de se expressar convenientemente.

Não demora muito até que os rapazes abandonem as responsabilidades e se entreguem à liberdade que a ilha lhes proporciona. E daí até regredirem à selvajaria é um pulinho... O final foi um autêntico murro no estômago e deixou-me a pensar o que aconteceria se o mesmo sucedesse actualmente, com os miúdos de hoje. Será que pelo menos saberiam fazer fogo?

Embora perceba perfeitamente o porquê deste livro se ter tornado um clássico, não me cativou. Nunca me liguei verdadeiramente a nenhuma das personagens. E uma coisa que me irritou bastante na tradução foi o facto de terem traduzido o nome de todas as personagens à excepção de Jack.

Outra coisa que não percebo é o porquê deste livro estar na lista de livros banidos. É certo que é violento, mas não me parece mais violento que certos filmes que passam ao Domingo à tarde...

Classificação: 2

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Este livro conta para os Desafios Mount TBR 2012, What's in a Name 5 (rastejante arrepiante) e Fall Into Reading 2012.

4 comentários:

  1. Gostei deste livro. Por acaso não estava à espera que tu não gostaste :P
    Está certo que não foi nenhum livro que me fez ter uma experiência inesquecível, isso é absolutamente inegável, mas achei tão original que merecia destaque! :D

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    1. Não é que não tenha gostado, mas não achei memorável. O problema talvez seja que não pude deixar de comparar com "Os Capitães da Areia" de Jorge Amada, esse sim, um livro memorável na minha opinião.

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  2. Desculpem a intromissão, mas estive a dar uma vista de olhos pelas críticas a este livro a esta aqui reflecte aquilo que eu penso. E saliento a concordância no facto de também não me ter ligado nunca a nenhuma das personagens… e não me saia da cabeça os Capitães de Areia e os anos-luz a que este ficou…

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    1. João Pedro, não tem que pedir desculpa, "intrometa-se" sempre que queira!

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