quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Opinião: "Stoner"

www.wook.pt/ficha/stoner/a/id/15934330?a_aid=4e767b1d5a5e5&a_bid=b425fcc9
Título original: Stoner
Autor:
Tradutor:
Editor: Dom Quixote
Edição/reimpressão: Setembro de 2014
ISBN: 9789722055567
Páginas: 264

Sinopse: O Stoner do título é o protagonista deste romance - um obscuro professor de literatura, que até ao dia da sua morte dá aulas numa universidade do interior. A sua vida, brevemente descrita nos dois primeiros parágrafos do romance, oferece um triste obituário. O que se segue, numa prosa precisa, despojada, quase cruel, é uma sucessão de fracassos de uma personagem que perde quase tudo - menos a entrega incondicional à literatura.

O romance foi publicado em 1965 e caiu no esquecimento - tal como o seu autor, John Williams, também ele um obscuro professor universitário. Passados quase 50 anos, porém, o mesmo cego amor à literatura, que movia a personagem principal, levou a que a escritora francesa Anna Gavalda traduzisse o livro perdido. Outras edições se seguiram, em vários países da Europa. Até que, em 2013, os leitores da livraria britânica Waterstones escolheram Stoner como melhor livro do ano - ignorando obras acabadas de publicar. 

Julian Barnes, Ian McEwan, Bret Easton Ellis e muitos outros escritores, juntaram-se ao coro e resgataram a obra nas páginas dos jornais. Com a aclamação crítica, mais premente se tornou a interrogação: porque é que um romance tão exigente renasce das cinzas e se torna num espontâneo sucesso comercial em diferentes latitudes? 

Na era da hipercomunicação, Stoner devolve-nos o sentido de intimidade, deixa-nos a sós com aquele homem tristonho, de vida apagada. Fechamos a porta e partilhamos com ele o empolgamento literário: sabendo, tal como ele, que nos restará sempre o consolo da literatura.

A minha opinião: Desde que li algumas opiniões sobre este livro em blogues portugueses que ando com Stoner debaixo de olho... Mas nunca o apanhei em promoção, pelo que acabei por aproveitar para o ler agora, uma vez que é uma das leituras possíveis para a Comunidade de Leitores da Biblioteca Municipal.

Tal como a sinopse refere, a vida do protagonista que dá nome ao livro, Stoner, encontra-se desde logo descrita nos primeiros parágrafos do livro. E, descrita daquela forma, parece ter sido uma vida inconsequente e deprimente, o que desde logo não motiva particularmente a leitura do livro. Mas, à medida que fui lendo (e foi uma leitura demorada, confesso) acabei por me encantar por Stoner e por me interessar pela sua história.

Stoner é o filho único de um casal de agricultores pobre e acompanhamos a sua história desde os 17 anos quando, ao contrário do que sempre esperou, o pai lhe comunica que não irá juntar-se a ele na lavoura imediatamente assim que terminar o liceu, mas irá sim frequentar a recentemente inaugurada Escola Agrária da Universidade de Columbia, onde irá aprender novas técnicas agrícolas que poderá depois empregar nos campos da família.

Mas heis que, no segundo ano do curso, Stoner tem, obrigatoriamente, de frequentar um semestre de Literatura Inglesa. E é nessa cadeira, por intermédio do professor, que Stoner tem uma epifânia e se apaixona pela literatura, acabando por desistir da Escola Agrária e por se inscrever em cadeiras de Letras. No final do curso é convidado a continuar os estudos por forma a poder tornar-se professor na Universidade.

E é assim que a vida de Stoner fica para sempre relacionada com a Universidade. Pelo meio há amizades, uma primeira guerra, amores, desamores, inimizades, injustiças, novos amores, uma segunda guerra, conformidade, resistência, aceitação e morte. E uma grande, grande paixão pelo ensino.

Não foi uma leitura muito fácil, nem que me tenha agarrado rápida ou facilmente. Desconfio, contudo, que a altura que escolhi para o ler não tenha sido a mais feliz (especialmente este ano, que parece que fui mordida pela mosca tsé-tsé...) e gostava de o reler um dia, pois penso que irei gostar ainda mais dele.

O Stoner é um protagonista que a princípio se estranha, mas que depois se entranha. Parece um bocado sonso e apático, mas eventualmente revela-se um personagem forte nas suas convicções, um introvertido que se sente melhor no meio dos seus livros do que de outras pessoas e alguém a quem a sorte e as circunstâncias também não sorriram...

Pela negativa destaco a sua mulher, Edith, porque, sinceramente, nunca cheguei a perceber porque é que ela aceitou o pedido de casamento de Stoner... Sem entrar muito em pormenores, claramente não foi por amor, mas também não me parece que tenha sido por desespero, nem para fugir de algo, nem porque estivesse comprometida. A única explicação que me surgiu foi que tivesse sido por aborrecimento... A sério, nem me incomodava o comportamento da personagem desde que este tivesse uma explicação, mas assim irritou-me bastante.

A escrita do autor é seca, despojada de grandes descrições, floreados ou sentimentalismos. Mas resulta e acabei por adorá-la, especialmente considerando que o protagonista é um homem subtilmente apaixonado. E um personagem que, ao contrário do que lhe acontece no livro, não será facilmente esquecido...

Classificação: 5

1 comentário:

  1. Olá!
    Este foi um dos meus livros preferidos do ano passado! Adorei este livro!
    Beijinhos e boas leituras

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